quarta-feira, 31 de março de 2021

Os idosos, vítimas da pandemia, sempre no coração do Papa

 


Os avós da Itália e do mundo inteiro pagaram um preço altíssimo neste primeiro ano de pandemia, em que a fúria do vírus, em ondas, atacou precisamente os mais frágeis. No início, em particular os lares para idosos e as Residências Sanitárias Assistenciais (RSA, tornaram-se focos de Covid-19 e os idosos, já experimentados por outras patologias, morreram na solidão, distantes da comunidade e sobretudo sem poder ver os familiares, fechados em seus quartos, sozinhos, desorientados, confusos, sem um carinho para consolá-los. O Papa Francisco nas Missas celebradas na Casa Santa Marta e transmitidas ao vivo a partir de 9 de março de 2020, sempre manifestou proximidade e atenção por essa humanidade silenciosa e sofredora.

Raízes que dão vida

Gostaria que hoje rezássemos pelos anciãos que sofrem este momento de modo particular, com uma solidão interna (interior) muito grande e por vezes com tanto medo. Peçamos ao Senhor que esteja próximo dos nossos avôs, nossas avós, de todos os anciãos e lhes dê a força. Eles nos deram a sabedoria, a vida, a história. Também nós nos fazemos próximos deles com a oração.

Assim disse o Santo Padre na celebração do dia 17 de março de 2020, insistindo novamente nesta intenção na celebração do dia 15 de abril:

Rezemos hoje pelos anciãos, especialmente pelos que estão isolados ou nos abrigos de idosos. Eles têm medo, medo de morrer sozinhos. Veem esta pandemia como uma coisa agressiva para eles. Eles são nossas raízes, nossa história. Eles nos deram a fé, a tradição, o sentido de pertença a uma pátria. Rezemos por eles a fim de que o Senhor esteja próximo deles neste momento.

A atual situação nas RSA

Na Itália, em particular, mais de 50 por cento das mortes de Covid ocorreram em lares para idosos. Nestes locais, os operadores tornaram-se os únicos amigos, os únicos parentes, os únicos que, “emprestando” as mãos aos filhos e netos, podiam acariciar os idosos sem o perigo de os infectar.

“Hoje a situação mudou, estamos mais serenos, somos todos negativos, as atividades comuns foram retomadas, mas nossos idosos continuam se sentindo isolados. Ainda não conseguem receber visitantes de fora e isso é o que mais dói. Procuramos de todas as formas estar perto deles, fazemos videochamadas com os nossos telefones, mas a falta de família é sentida por todo o lado”, conta ao Vatican News Barbara Begnini, funcionária da Fundação RSA Vaglietti-Corsini ONLUS no centro de Cologno, na província de Bergamo.

Muitos partiram, continua, nos deixaram, desapareceram, porque no início nem um funeral era possível celebrar. E naqueles dias dramáticos, o carinho do Papa pela TV foi essencial. «Os nossos anciãos são muito devotos, ainda hoje no domingo de manhã todos querem ir ao salão assistir à Santa Missa na televisão, para eles é muito importante, e quando veem o Papa, é uma grande alegria para eles».

O lado positivo

«Como diz o Papa» continua Bárbara Begnini, «ao perdê-los, perdemos as nossas raízes, mas houve uma implicação positiva nesta triste história, porque nos unimos muito mais do que antes, tornamo-nos verdadeiramente uma família … a união que este ano se fortaleceu muito mais e procuramos passar estes dias dando valor a isso, fazendo sentir o amor que temos entre nós”.

“Hoje a situação mudou muito – conclui – não é mais o que era antes, estamos todos bem temos controles muito rígidos para proteger a saúde dos nossos idosos e também o clima que se respira por dentro é mais sereno, ali não é mais o medo, o terror, há mais informação, e também eles entenderam um pouco mais o que está acontecendo, mas repito, a ausência do contato dói”.

Fonte: VaticanNews

 

quarta-feira, 24 de março de 2021

As celebrações de Francisco na Semana Santa

 


Doze meses depois, as liturgias centrais do ano ainda devem as contas com uma pandemia que atinge todas as partes do mundo, e até mesmo o coração do catolicismo. Também a Semana Santa de Francisco terá tempos e ritmos modelados nas exigências que a Covid impõe, antes de tudo a ausência dos milhares de fiéis que normalmente se fazem presentes nos compromissos desde o Domingo de Ramos até a Páscoa.

Missa do Crisma e Quinta-feira Santa

Ao comunicar os detalhes dos eventos papais a Sala de Imprensa vaticana especificou que cada um deles será realizado com uma presença “limitada” de fiéis no “respeito das medidas sanitárias previstas”. A série de compromissos anunciados tem início com a Missa do Domingo de Ramos, marcada para às 10h30 (5h30 – hora de Brasília) no Altar da Cátedra, na Basílica de São Pedro. A Missa do Crisma na quinta-feira, 1º de abril, às 10 horas (5h da manhã no Brasil), também será no altar da Cátedra, presidida pelo Papa, cuja presença, ao invés, não está prevista para às 18 horas para a celebração in Coena Domini, (Missa do Lava-pés) que neste caso será presidida pelo cardeal decano do Colégio cardinalício, Giovanni Battista Re.

A Via Sacra no átrio da Basílica

Os outros dois compromissos de Francisco para a Sexta-feira Santa estão programados para às 18h (13h no Brasil) com a celebração da Paixão na Basílica de São Pedro e três horas depois, às 21h00 (16h no Brasil), a Via Sacra, em mundo-visão, mais uma vez privada do cenário do Coliseu, mas montada sobre o átrio da Basílica vaticana. Este ano, informou em um comunicado o diretor da Sala de Imprensa vaticana, Matteo Bruni, a preparação das meditações foi confiada ao Grupo Escoteiro Agesci “Foligno I” (da Úmbria) e à paróquia romana dos Santos Mártires de Uganda. Especiais serão as imagens que acompanharão as diversas Estações: os desenhos foram feitos por crianças e jovens da Casa Família “Mater Divini Amoris” e da Casa Família “Tetto Casal Fattoria”, ambas de Roma: a primeira dirigida pelas Filhas de Nossa Senhora do Divino Amor, a segunda fundada por uma associação de voluntários.

Às 19h30 (14h30) do Sábado Santo, 3 de abril, o Papa retorna ao Altar da Cátedra para a Mãe de todas as vigílias; depois, no Domingo às 10h (5h no Brasil), na Basílica vaticana, será celebrada a Missa da Páscoa. Na conclusão da Santa Missa, a tradicional Mensagem e Bênção Urbi et Orbi. No dia seguinte, Lunedì dell’Angelus, (Segunda-feira do Angelus), a primeira recitação do Regina Coeli na Biblioteca do Palácio Apostólico.

Fonte: VaticanNews

quinta-feira, 18 de março de 2021

Cardeal Tempesta participa da entrega das primeiras vacinas produzidas pela Fiocruz


O primeiro lote de vacinas com 500 mil doses produzidas por Bio-Manguinhos, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro, a partir do Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA), que é importado, foi entregue em 17 de março ao Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde.

A cerimônia que marcou a entrega das primeiras 500 mil doses, num primeiro momento, foi realizada no Campus de Manguinhos, dirigida pela presidente da instituição, Nísia Trindade Lima, e contou com as presenças do diretor de Bio-Manguinhos, Mauricio Zuma, e do arcebispo do Rio de Janeiro, Cardeal Orani João Tempesta, que mais uma vez quis demonstrar seu apoio ao trabalho realizado pela Fiocruz.

Com a aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), no dia 12 de março, a Fiocruz passa a ser a detentora do primeiro registro definitivo de uma vacina contra a Covid-19 no país.

O diretor Maurício Zuma disse que até o dia 19 de março a Fiocruz entregará mais 580 mil doses produzidas em Bio-Manguinhos, totalizando 1,080 milhão, e até o final do mês deverá entregar cerca de 6 milhões de doses por semana, e o trabalho segue até atingir o total de 100,4 milhões previsto no contrato com a AstraZeneca, cujo cronograma segue até julho.

“A partir da produção local do IFA, uma tecnologia altamente complexa, vamos ganhar em celeridade. É um orgulho participar desta história”, disse.

Chama da esperança

Em seu discurso, Dom Orani manifestou sua alegria por testemunhar mais um passo dado pela Fiocruz, que foi o sonho de produzir em Bio-Manguinhos a vacina contra a Covid-19.

“Quando acendemos a Chama da Esperança, a finalidade foi de nunca perder a esperança”, disse.

O arcebispo informou que transmitia sua mensagem também em nome dos diversos líderes das religiões cristãs e não cristãs que fazem parte do grupo chamado Diálogo e Paz, no qual se reúnem todos os meses, agora de forma virtual.

“Somos um grupo de trabalho que vivenciamos a cultura de paz, o entendimento e o respeito uns para com os outros, da qual agradeço a todos por compartilharem conosco muitas preocupações”, disse.

Dom Orani destacou que a pandemia ocasionou mais de 280 mil falecidos e milhares de internados nos hospitais. “Pedimos ao Senhor que acolha os que partiram e que voltem para casa os que estão internados”, lembrando que a “esperança começou com a vacinação no Brasil por meio da poderosa intercessão da Fiocruz, que produzirá a vacina em alta e constante rotatividade”.

Dando parabéns e pedindo bênçãos para os profissionais da ciência por todos os bons resultados, lembrou mais uma vez o sonho de inaugurar num futuro próximo o Complexo Industrial de Biotecnologia em Saúde, em Santa Cruz, na zona oeste do Rio de Janeiro.

“Louvamos e bendizemos a Deus por dar ao ser humano a inteligência, a preocupação de fazer o bem ao outro. Também pedimos a Deus que abençoe os diretores, conselheiros, cientistas, pesquisadores e funcionários da Fiocruz pelo que fazem com entusiamo e esperança. Que não falte o necessário para levar adiante este belo e importante trabalho que é a vida das pessoas. Deus abençoe a todos!”, concluiu o arcebispo.

quarta-feira, 10 de março de 2021

Seminário Nacional de Catequese reflete temas atuais para chegar ao coração dos catequizandos

A Comissão Episcopal Pastoral para a Animação Bíblico-Catequética da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) que se realiza, de ontem 9 até amanhã 11 de março, o Seminário Nacional de  Catequese a Serviço da Iniciação à Vida Cristã (IVC) com transmissão ao vivo, sempre às 20h, pelos canais de youtube CatequesedoBrasil  e CNBBNacional.

 

Segundo o assessor nacional da Comissão para a Animação Bíblico-Catequética CNBB, padre Jânison de Sá, esse seminário está refletindo, com a ajuda de especialistas do Brasil e de outros países, sobre temáticas atuais no campo da catequese, pastoral, animação bíblica e da evangelização.


“Vamos refletir sobre temas atuais para que possamos, juntos, encontrar caminhos tendo em vista uma catequese sempre mais evangelizadora, capaz de chegar ao coração dos catequizandos (crianças, adolescentes, jovens e adultos)”, disse.

 

Padre Jânison explica que este seminário dará continuidade às formações on-line desenvolvidas pela Comissão para a Animação Bíblico-Catequética da CNBB em 2020. “Buscamos, mais de perto, oferecer um acompanhamento e cuidado com os catequistas em sua missão para juntos encontrarmos novas pistas e fortalecer a iniciação à vida cristã em nosso país”, disse.

 

Fonte: CNBB

 

 


 

 

terça-feira, 2 de março de 2021

“RUMO A UM ‘NÓS’ CADA VEZ MAIOR” É O TEMA DO 107º DIA MUNDIAL DO MIGRANTE E DO REFUGIADO

 


A Sala de Imprensa da Santa Sé divulgou, no último sábado, 27 de fevereiro, o tema escolhido pelo Papa Francisco para sua mensagem para o 107º Dia Mundial do Migrante e do Refugiado. O comunicado ressalta que o tema foi inspirado na Encíclica sobre a fraternidade universal “Fratelli tutti”.

O Santo Padre escolheu como tema da mensagem “Rumo a um ‘nós’ cada vez maior”, inspirado no seu apelo a fim de que não existam “os outros”, mas apenas um “nó”. Este nós universal deve se tornar realidade sobretudo dentro da Igreja que é chamada a formar comunhão na diversidade.

A mensagem é dividida em 6 subtemas e reserva uma atenção particular ao cuidado da família comum, que junto com o cuidado da Casa comum, tem como objetivo aquele “nós” que pode e deve se tornar cada vez mais amplo e acolhedor.

Para favorecer uma preparação adequada à celebração deste dia, também este ano a Seção Migrante e Refugiado do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral organizou uma campanha de comunicação através da qual serão elaborados os seis subtemas propostos pela mensagem.

Mensalmente serão propostos subsídios multimídia, material informativo e reflexões de teólogos e especialistas que ajudarão a aprofundar temas e subtemas escolhidos pelo Santo Padre.

Com informações e fotos do Vatican News

terça-feira, 23 de fevereiro de 2021

COMINA – Conselho Missionário Nacional prepara levantamento amplo da ação missionária na Igreja do Brasil


O Conselho Missionário Nacional (COMINA), organismo vinculado a Comissão Episcopal para Ação Missionária e Cooperação Intereclesial da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) deu início a um levantamento amplo da ação missionária na Igreja do Brasil.

A ideia da pesquisa é reunir dados dos missionários e missionárias que já trabalham nas missões na Igreja do Brasil e além-fronteiras. Segundo o Comina, este levantamento tem o objetivo, de como Igreja no Brasil, dar uma maior assistência, apoio e visibilidade aos trabalhos já realizados.

Um documento assinado pelo bispo de Chapecó (SC) e presidente da Comissão Episcopal para Ação Missionária e Cooperação Intereclesial e do COMINA – Conselho Missionário Nacional, a dom Odelir José Magri e membros da comissão, foi enviado aos bispos e organismos missionários da Igreja do Brasil com os formulários a serem encaminhados para cada missionário e missionária brasileiro, que estão em missão em outros países, e estrangeiro que estão em missão no Brasil.

A pesquisa pode ser respondida diretamente no formulário online ou preenchida no formulário Cadastro Nacional de Missionários e Missionárias Brasileiros que deve ser baixado e em seguida encaminhado exclusivamente para o email: alemfronteiras.comina@gmail.com


O COMINA espera com este levantamento impulsionar e animar a formação das comunidades eclesiais missionárias, que precisam buscar sempre o horizonte Ad Gentes como expressão fundamental de sua maturidade cristã.

 

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2021

Mensagem do Papa Francisco por ocasião da Campanha da Fraternidade 2021


A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e o Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (Conic) abriram nesta Quarta-feira de Cinzas, 17 de fevereiro, a quinta edição da Campanha da Fraternidade Ecumênica (CFE). A abertura foi realizada de forma simbólica e virtual com a divulgação de um vídeo com pronunciamentos de representantes das Igrejas que compõem o Conic.

O Papa Francisco enviou uma mensagem escrita para o início da Quaresma e da Campanha da Fraternidade 2021:

 

Queridos irmãos e irmãs do Brasil!

Com o início da Quaresma, somos convidados a um tempo de intensa reflexão e revisão de nossas vidas. O Senhor Jesus, que nos convida a caminhar com Ele pelo deserto rumo à vitória pascal sobre o pecado e a morte, faz-se peregrino conosco também nestes tempos de pandemia. Ele nos convoca e convida a orar pelos que morreram, a bendizer pelo serviço abnegado de tantos profissionais da saúde e a estimular a solidariedade entre as pessoas de boa vontade. Convoca-nos a cuidarmos de nós mesmos, de nossa saúde, e a nos preocuparmos uns pelos outros, como nos ensina na parábola do Bom Samaritano (cf. Lc 10, 25-37). Precisamos vencer a pandemia e nós o faremos à medida em que formos capazes de superar as divisões e nos unirmos em torno da vida. Como indiquei na recente Encíclica Fratelli tutti, «passada a crise sanitária, a pior reação seria cair ainda mais num consumismo febril e em novas formas de autoproteção egoísta» (n. 35). Para que isso não ocorra, a Quaresma nos é de grande auxílio, pois nos chama à conversão através da oração, do jejum e da esmola.

Como é tradição há várias décadas, a Igreja no Brasil promove a Campanha da Fraternidade, como um auxílio concreto para a vivência deste tempo de preparação para a Páscoa. Neste ano de 2021, com o tema “Fraternidade e Diálogo: compromisso de amor”, os fiéis são convidados a «sentar-se a escutar o outro» e, assim, superar os obstáculos de um mundo que é muitas vezes «um mundo surdo». De fato, quando nos dispomos ao diálogo, estabelecemos «um paradigma de atitude receptiva, de quem supera o narcisismo e acolhe o outro» (Ibidem, n. 48). E, na base desta renovada cultura do diálogo está Jesus que, como ensina o lema da Campanha deste ano, «é a nossa paz: do que era dividido fez uma unidade» (Ef 2,14).

Por outro lado, ao promover o diálogo como compromisso de amor, a Campanha da Fraternidade lembra que são os cristãos os primeiros a ter que dar exemplo, começando pela prática do diálogo ecumênico. Certos de que «devemos sempre lembrar-nos de que somos peregrinos, e peregrinamos juntos», no diálogo ecumênico podemos verdadeiramente «abrir o coração ao companheiro de estrada sem medos nem desconfianças, e olhar primariamente para o que procuramos: a paz no rosto do único Deus» (Exort. Apost. Evangelii gaudium, n. 244). É, pois, motivo de esperança, o fato de que este ano, pela quinta vez, a Campanha da Fraternidade seja realizada com as Igrejas que fazem parte do Conselho Nacional das Igrejas Cristãs do Brasil (CONIC).

Desse modo, os cristãos brasileiros, na fidelidade ao único Senhor Jesus que nos deixou o mandamento de nos amarmos uns aos outros como Ele nos amou (cf. Jo 13,34) e partindo «do reconhecimento do valor de cada pessoa humana como criatura chamada a ser filho ou filha de Deus, oferecem uma preciosa contribuição para a construção da fraternidade e a defesa da justiça na sociedade» (Carta Enc. Fratelli tutti, n. 271). A fecundidade do nosso testemunho dependerá também de nossa capacidade de dialogar, encontrar pontos de união e os traduzir em ações em favor da vida, de modo especial, a vida dos mais vulneráveis. Desejando a graça de uma frutuosa Campanha da Fraternidade Ecumênica, envio a todos e cada um a Bênção Apostólica, pedindo que nunca deixem de rezar por mim.

Roma, São João de Latrão, 17 de fevereiro de 2021.

[Franciscus PP.]

terça-feira, 9 de fevereiro de 2021

ESPECIALISTAS COMENTAM A VISÃO DO PAPA SOBRE A COMUNICAÇÃO A PARTIR DAS MENSAGENS DO DIA DAS COMUNICAÇÕES SOCIAIS


Partindo da reflexão proposta pelo Papa Francisco na mensagem para o 55º Dia Mundial das Comunicações Sociais, a Comissão Episcopal Pastoral para a Comunicação da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) realizou na quinta-feira, 4 de fevereiro, a primeira edição das lives CNBB – Igreja no Brasil Painel de 2021 com o tema: “Gastar a sola do sapatos”: as inspirações do Papa para a Comunicação Social”.

“Nós estamos vivendo um tempo de mentira. De notícias falsas cuidadosamente pensadas e disseminadas nas redes sociais para fazer o mal às pessoas e grupos”, disse o bispo auxiliar da arquidiocese de Belo Horizonte (MG) e presidente da Comissão de Comunicação da CNBB, dom Joaquim Giovani Mol, na introdução do tema e apresentação dos participantes. Dom Joaquim Mol é o mediador desta série de lives.

Para o 55º Dia Mundial das Comunicações Sociais, celebrado sempre na Ascensão do Senhor, este ano dia 16 de maio, o Papa Francisco faz o convite em sua mensagem a “ir e ver”, como os primeiros convites que Jesus Cristo fez aos discípulos, conforme pode ser conferido em Jo 1, 46, como forma de conhecer a realidade. Para o Santo Padre, este também é o método de toda a comunicação humana autêntica.

No jornalismo, segundo a mensagem do Papa, “ir e ver” evitaria a crise editorial que corre o risco de levar a uma informação construída nas redações, diante do computador, nos terminais das agências, nas redes sociais, sem nunca sair à rua, sem encontrar pessoas para procurar histórias ou verificar com os próprios olhos determinadas situações. Com esta mensagem, o Francisco convida a Igreja e a todos que trabalham com comunicação a “gastar a sola dos sapatos” para desenvolver uma comunicação autêntica capaz de dar conta da verdade das coisas e da vida concreta das pessoas.

 

Concepção de comunicação no magistério do Papa Francisco

O jornalista, mestre e doutor em Ciências da Comunicação pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), Moisés Sbardelotto, levantou as noções de comunicação apontadas nas mensagens de comunicação desde o início do magistério do Papa Francisco. Com experiência na área de Comunicação, com ênfase em internet, cultura digital, processos midiáticos e religião, Moisés defendeu que o tema da comunicação abrange a vida humana e não se restringe apenas à comunicação social, feita por profissionais da área, que tem o seu espaço e importância no tecido social . “A comunicação é vista como processo e ações que perpassam tudo que nós fazemos”, disse.

A concepção do Papa Francisco, segundo Moisés, é muito enraizada no ser humano, encarnada na realidade e pensada à luz do Evangelho. “Em suas mensagens, o Papa sempre traz a concretude e a humanidade por trás dos processos de comunicação. Não se trata de mera teoria, tecnicismo ou um instrumental para alcançar objetivos”, afirmou.

A força-motriz da reflexão do Papa Francisco sobre comunicação encontra-se na expressão forte de seu papado: “a cultura do encontro” em contraposição à “globalização da indiferença”. O especialista em comunicação, afirmou que o que Papa Francisco vai pensando mas também vivendo na prática, com a sua própria vida, aponta para a direção que seu papado tomaria explicitada por ele mesmo em sua primeira aparição pública já como Papa: “o caminho de fraternidade”, tema de sua última encíclica Fratelli Tutti.

“O Papa percebe na realidade humana contemporânea a globalização da indiferença. As pessoas olham para o lado e já não enxergam mais um irmão e uma irmã. Enxerga alguém a ser destruído e, até mesmo, morto simbólica e, muitas vezes, concretamente. Em razão disto, o Papa promove a cultura do encontro ligada à ideia de comunicação como um ação com os outros”, disse. A comunicação que constrói muros ao invés de aproximar, segundo Moisés, é muito presente nas redes sociais hoje.

De acordo com ele, o Papa resgata suas três ideias centrais de comunicação do Evangelho e o que configura a sua trilogia sobre o tema está expressa em suas mensagens. Em 2018, quando falou da ideia de fake news (notícias falsas), tendo escolhido a frase “A verdade vos tornará livres”, o Papa falou da da desinformação por meio das falsas notícias e da responsabilidade dos cristãos frente à esta realidade.

Outra ideia, presente na primeira mensagem de 2014, é retirada da Parábola do Bom Samaritano, considerada também como a parábola do bom comunicador pelo Santo Padre. Para o chefe da Igreja, o bom comunicador, a exemplo do Bom Samaritano, é alguém que está atento à realidade, às estradas da vida, aos sofrimentos e injustiças da história, se inclina e vai ao encontro do outro, fazendo-se próximo.

A outra imagem forte, segundo Moisés, o Papa trouxe em sua primeira visita ao Brasil, os discípulos de Emaús com quem Jesus faz o movimento de estar em saída, de ir ao encontro, escutar e ouvir para, só então, estabelecer um diálogo, propor a sua verdade e aquilo que trazia também em seu coração. Em 2020, o Papa apresentou a ideia da má informação e convida os comunicadores a construir boas histórias e narrativas. Na mensagem deste ano, ele fala do método de toda comunicação humana autêntica: “ir e ver”.

“Os três verbos de Emaús sintetizam a comunicação do Papa. Ir ao encontro para se pôr à escuta. O Santo Padre diz que nunca deveremos responder a perguntas que ninguém se põe, sob o risco de fazer uma comunicação que fala sem prestar atenção à realidade. Que devemos buscar uma comunicação que harmoniza as diferenças porque elas nos enriquecem. Não apenas dar algo para alguém, mas também saber receber do outro a sua riqueza”, disse.

Quem quiser conhecer um pouco mais das ideias de Moisés Sbardelotto pode buscar pelos livros que ele publicou: Comunicar a fé: por quê? Para quê? Com quem?, pela editora Vozes; E o Verbo se fez rede: religiosidades em reconstrução no ambiente digital, pela Paulinas e o E o Verbo se fez bit: A comunicação e a experiência religiosas na internet, pela editora Santuário.

 

Comunicação que promove o encontro

A jornalista e assessora de comunicação da 6ª Semana Social Brasileira e vice-presidente da Signis Brasil, Osnilda Lima, louvou o esforço da Igreja no Brasil de se posicionar firme por meio da divulgação do vídeo com a presidência da CNBB motivando à imunização da população contra a Covid-19. Por outro lado, a jornalista disse ser necessário também, no contexto de comunicação atual, pedir perdão pelas notícias falsas, pelo excesso de informação sem aprofundamento e pelas vezes que não soubermos ir e ver e depois narrar sobre o que as pessoas têm a falar.

Ela falou do “cancelamento”, prática forjada, muitas vezes, por pessoas especialistas em disseminar notícias falsas e usam da arte de manipular multidões a partir de suas crenças para controlar opiniões nas redes sociais. Outro problema apontado por Osnilda é o da “infodemia”, o vírus da má informação, o excesso de informação sem qualidade que circula, por exemplo, agora no contexto da pandemia. Uma pesquisa da Organização Mundial da Saúde de 2020 apontou que quase 70% de notícias falsas sobre a pandemia circulou pelo Whatsapp. Só em abril de 2020 foram carregados 361 milhões de vídeos no Youtube referentes à covid-19. “Como nós comunicadores da Igreja nos colocamos diante disto?”, perguntou.

A assessora de comunicação apontou que ao mesmo tempo que diminuiu o crédito dos veículos tradicionais de comunicação aumentou o poder de comunicação das pessoas nas redes sociais. Contudo, um problema decorrente daí, segundo a jornalista, é a confiabilidade nas informações. Ela apontou que os cristãos devem ter o cuidado para não disseminar notícias falsas e também não ferir a liberdade de comunicação com a justificativa de que pode comunicar qualquer coisa, mesmo sem embasamento real. “Nossa missão é reverberar as vozes silenciadas do povo”, disse.

Em contraposição a este modelo de comunicação instrumental e funcionalista, Sbardelotto defendeu a necessidade de buscar uma comunicação baseada na sensibilidade e não na mera informação, que não tem rosto, história e não está construída baseada em relações humanas. “A ideia é buscar uma comunicação que tenha um rosto, que tenha histórias humanas por trás, que a gente possa tocar nos sentimentos e experiências em jogo”, disse.

“Do ponto de vista cristão, nenhuma informação deve ser imparcial, isenta e neutra. Nós cristãos tomamos partido: Na dúvida fique ao lado dos pobres, das minorias perseguidas e da criação, como apontou o Papa”, disse.

A quem comunga da experiência do seguimento a Jesus e de estar em sintonia com o Santo Padre, Moisés aponta o papel de ajudar a construir, por meio da comunicação, a esperança e o olhar pascal mesmo em cenários de maior desolação como o vivido agora em tempos de pandemia.

 

Lives CNBB – Igreja no Brasil Painel

O objetivo desta série de lives, que se estenderá ao longo de 2021, é conectar pessoas e experiências às ideias e processos que estão sendo vivenciados na Igreja no mundo e na Igreja no Brasil, percebendo como estes temas do magistério da Igreja e do Santo Padre são encarnados na realidade brasileira.

As lives acontecerão sempre na primeira quinta-feira do mês, às 17h, com um tema de aprofundamento ligado ao magistério da Igreja e do Papa Francisco. A próxima está marcada para o dia 4 de março e poderá ser acompanhada por meio das redes sociais da CNBB.

Fonte: CNBB / Imagem: Reprodução CNBB

quinta-feira, 21 de janeiro de 2021

25º DIA DA VIDA CONSAGRADA É CELEBRADO EM 2021, APÓS COMPLETAR 24 ANOS DE EXISTÊNCIA


A Igreja irá celebrar no próximo dia 2 de fevereiro o 25º Dia da Vida Consagrada. Por ocasião deste jubileu de prata, o portal da Conferência trouxe um esclarecimento feito pelo padre Juarez Destro, assessor da Comissão para os Ministérios Ordenados e a Vida Consagrada, a respeito desta comemoração.

 

Dia da Vida Consagrada

O Dia da Vida Consagrada foi celebrado pela primeira vez em 02 de fevereiro de 1997. Na mensagem do Papa São João Paulo II por ocasião deste primeiro dia, o pontífice da época recorda a estreita ligação entre a Festa da Apresentação do Senhor e a vocação específica dos consagrados e consagradas:


segunda-feira, 18 de janeiro de 2021

CRISE DE SAÚDE: IGREJA PROMOVE INICIATIVAS EM SOLIDARIEDADE AO AMAZONAS


 Após o agravamento dos efeitos da pandemia na cidade de Manaus (AM) e em alguns municípios do interior, com aumento no número de infecções pelo novo coronavírus, recordes de internações nas UTIs dos hospitais manauaras e a falta insumos nas unidades de saúde, como oxigênio, a Igreja no Brasil manifestou solidariedade ao povo do Amazonas por meio de pedidos de ajuda e de ações de socorro, em atos e preces.

Já identificada por alguns especialistas como a segunda onda de contágios pelo novo coronavírus, a crise de saúde no Amazonas somou quase 30 mil casos nas primeiras semanas de janeiro, segundo informações do Consórcio de Veículos de imprensa. Foram 896 mortes entre o dia 1º de janeiro e o dia 17.

Em mensagem de vídeo, divulgada na sexta-feira, 15 de janeiro, a arcebispo de Belo Horizonte (MG) e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Walmor Oliveira de Azevedo, informou da intenção da entidade em colaborar para levar oxigênio aos hospitais de Manaus. O presidente da CNBB apelou ainda a líderes empresariais, empreendedores e políticos para que prestem seu auxílio aos irmãos e irmãs que sofrem nos hospitais oferecendo oxigênio, a vacinação e combatendo a especulação de quem quer lucrar com o sofrimento  e as perdas humanas.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2021

NA FESTA DA EPIFANIA, O PAPA FRANCISCO PRESIDIU A CELEBRAÇÃO DA SANTA MISSA NA BASÍLICA DE SÃO PEDRO

 


“O evangelista Mateus assinala que os Magos, quando chegaram a Belém, ‘viram o Menino com Maria, sua mãe. Prostrando-se, adoraram-No’ (Mt 2, 11). Adorar o Senhor não é fácil, não é um dado imediato: requer uma certa maturidade espiritual, sendo o ponto de chegada dum caminho interior, por vezes longo. Não é espontânea em nós a atitude de adorar a Deus. É verdade que o ser humano precisa de adorar, mas corre o risco de errar o alvo; com efeito, se não adorar a Deus, adorará ídolos – não existe meio termo, ou Deus ou os ídolos, ou para usar uma palavra de um escritor francês: “Quem não adora a Deus, adora o diabo” – e, em vez de ser crente, tornar-se-á idólatra. É assim, aut aut.

Neste nosso tempo, há particular necessidade de dedicarmos, tanto individualmente como em comunidade, mais tempo à adoração, aprendendo cada vez melhor a contemplar o Senhor. Perdeu-se um pouco o sentido da oração de adoração, devemos retomá-lo, quer comunitariamente como na própria vida espiritual. Por isso, hoje, queremos aprender com os Magos algumas lições úteis: como eles, queremos prostrar-nos e adorar o Senhor. Adorá-lo seriamente, não como disse Herodes: “Diga-me onde é o lugar e irei adorá-lo”. Não, essa adoração não está certo. Com seriedade!

Das leituras desta Eucaristia, recolhemos três expressões que podem ajudar-nos a entender melhor o que significa ser adorador do Senhor; ei-las: ‘levantar os olhos’, ‘pôr-se a caminho’ e ‘ver’. Essas três expressões nos ajudarão a entender o que significa ser um adorador do Senhor.

A primeira expressão – levantar os olhos –, encontramo-la em Isaías. À comunidade de Jerusalém, pouco antes regressada do exílio e agora caída em desânimo por causa de dificuldades sem fim, o profeta dirige-lhe este forte convite: ‘Levanta os olhos e vê’ (Is 60, 4). Convida-a a deixar de lado cansaço e lamentos, sair das estreitezas duma visão limitada, libertar-se da ditadura do próprio eu, sempre propenso a fechar-se em si mesmo e nas preocupações particulares. Para adorar o Senhor, é preciso antes de mais nada ‘levantar os olhos’, ou seja, não se deixar enredar pelos fantasmas interiores que apagam a esperança, nem fazer dos problemas e dificuldades o centro da própria existência. Isto não significa negar a realidade, fingindo-se ou iludindo-se que tudo corre bem. Não. Mas olhar de modo novo os problemas e as angústias, sabendo que o Senhor conhece as nossas situações difíceis, escuta atentamente as nossas súplicas e não fica indiferente às lágrimas que derramamos.

Este olhar que, apesar das vicissitudes da vida, permanece confiante no Senhor, gera a gratidão filial. E, quando isto acontece, o coração abre-se à adoração. Pelo contrário, quando fixamos a atenção exclusivamente nos problemas, recusando-nos a levantar os olhos para Deus, o medo invade o coração e desorienta-o, gerando irritação, perplexidade, angústia, depressão. Nestas condições, é difícil adorar ao Senhor. Se isto acontecer, é preciso ter a coragem de romper o círculo das nossas conclusões precipitadas, sabendo que a realidade é maior do que os nossos pensamentos. Levanta os olhos e vê: o Senhor convida-nos, em primeiro lugar, a ter confiança n’Ele, porque cuida realmente de todos. Ora, se Deus veste tão bem a erva no campo, que hoje existe e amanhã é lançada ao fogo, quanto mais não fará Ele por nós? (cf. Lc 12, 28). Se levantarmos o olhar para o Senhor e considerarmos a realidade à sua luz, descobrimos que Ele nunca nos abandona: o Verbo fez-Se carne (cf. Jo 1, 14) e permanece connosco sempre todos os dias (cf. Mt 28, 20). Sempre.

Quando levantamos os olhos para Deus, os problemas da vida não desaparecem, não, mas sentimos que o Senhor nos dá a força necessária para enfrentá-los. Assim, ‘levantar os olhos’ é o primeiro passo que predispõe para a adoração. Trata-se da adoração do discípulo que descobriu, em Deus, uma alegria nova, uma alegria diferente. A alegria do mundo está fundada na posse dos bens, no sucesso ou noutras coisas semelhantes, sempre com o “eu” no centro. Pelo contário, a alegria do discípulo de Cristo tem o seu fundamento na fidelidade de Deus, cujas promessas nunca falham, apesar das situações de crise em que possamos chegar a encontrar-nos. Então a gratidão filial e a alegria suscitam o desejo de adorar o Senhor, que é fiel e nunca nos deixa sozinhos.

A segunda expressão, que nos pode ajudar, é pôr-se a caminho. Levantar os olhos [a primeira]; a segunda, colocar-se a caminho. Antes de poder adorar o Menino nascido em Belém, os Magos tiveram que enfrentar uma longa viagem. Lê-se em Mateus: ‘Chegaram a Jerusalém uns Magos vindos do Oriente. E perguntaram: “Onde está o Rei dos judeus que acaba de nascer? Vimos a sua estrela no Oriente e viemos adorá-Lo’ (Mt 2, 1-2). A viagem implica sempre uma transformação, uma mudança. A pessoa, depois duma viagem, já não fica como antes; há sempre algo de novo em quem viajou: os seus conhecimentos alargaram-se, viu pessoas e coisas novas, sentiu fortalecer-se a vontade ao enfrentar as dificuldades e os riscos do trajeto. Não se chega a adorar o Senhor sem antes passar pelo amadurecimento interior que nos dá o pôr-se a caminho.

É através dum caminho gradual que nos tornamos adoradores do Senhor. Por exemplo, a experiência ensina que a pessoa, aos cinquenta anos, vive a adoração com um espírito diferente de quando tinha trinta. Quem se deixa moldar pela graça, costuma melhorar com o passar do tempo: enquanto o homem exterior envelhece, diz São Paulo, o homem interior renova-se dia após dia (cf. 2 Cor 4, 16), predispondo-se cada vez melhor a adorar o Senhor. Deste ponto de vista, os falimentos, as crises, os erros podem tornar-se experiências instrutivas: não é raro servirem para nos tornar conscientes de que só o Senhor é digno de ser adorado, porque só Ele satisfaz o desejo de vida e eternidade presente no íntimo de cada pessoa. Além disso, com o passar do tempo, as provas e adversidades da existência – vividas na fé – contribuem para purificar o coração, torná-lo mais humilde e, consequentemente, mais disponível para se abrir a Deus.

Também os pecados, também a consciência de ser pecadores, de encontrar coisas tão ruins. “Mas eu fiz isso … eu fiz …”: se pegares isso com fé e arrependimento, com contrição, vai te ajudar a crescer. Tudo, tudo ajuda, diz Paulo, ao crescimento espiritual, ao encontro com Jesus, mesmo os pecados, mesmo os pecados. E São Tomás acrescenta: “etiam mortalia”, também os pecados feios, os piores. Mas se o pegares com arrependimento, vai ajudá-lo nessa jornada para um encontro com o Senhor e a adorá-lo melhor.

Como os Magos, também nós devemos deixar-nos instruir pelo caminho da vida, marcado pelas dificuldades inevitáveis da viagem. Não deixemos que o cansaço, as quedas e os fracassos nos precipitem no desânimo; antes, pelo contrário, reconhecendo-os com humildade, devemos fazer deles ocasião de progredir para o Senhor Jesus. A vida não é uma demonstração de habilidades, mas uma viagem rumo Àquele que nos ama. Não precisamos mostrar a carta das virtudes que temos em cada etapa de nossa vida; com humildade devemos ir em direção ao Senhor. Olhando para o Senhor, encontraremos a força para continuar com renovada alegria.

E chegamos à terceira expressão: ver. Levantar os olhos, colocar-se a caminho, ver. Como se lê no Evangelho, ‘entrando em casa, [os Magos] viram o Menino com Maria, sua mãe. Prostrando-se, adoraram-No’ (Mt 2, 11). A adoração era o ato de homenagem reservado aos soberanos, aos grandes dignitários. Com efeito, os Magos adoraram Aquele que sabiam ser o Rei dos judeus (cf. Mt 2, 2). Mas, na realidade, que viram eles? Viram um menino pobre com a sua mãe. E contudo estes sábios, vindos de países distantes, souberam transcender aquela cena tão humilde e quase deprimente, reconhecendo naquele Menino a presença dum soberano. Por outras palavras, foram capazes de «ver» para além das aparências. Prostrando-se diante do Menino nascido em Belém, exprimiram uma adoração era primariamente interior: a abertura dos escrinhos trazidos de prenda foi sinal da oferta dos seus corações.

Para adorar o Senhor, é preciso ‘ver’ além do véu do visível, pois este muitas vezes mostra-se enganador. Herodes e os notáveis de Jerusalém representam a mundanidade, perenemente escrava da aparência. Veem e não sabem ver – não estou dizendo que não creem, seria muito – não sabem ver porque sua capacidade é escrava da aparência e à procura de atrativos: dá valor apenas às coisas sensacionais, aquilo que chama a atenção do vulgo. Entretanto, nos Magos, vemos um comportamento diferente, que poderíamos definir realismo teologal – uma palavra muito “alta”, mas podemos dizer assim, um realismo teologal – este percebe com objetividade a realidade das coisas, chegando enfim a compreender que Deus evita toda a ostentação. O Senhor está na humildade, o Senhor é como aquele menino humilde, foge da ostentação, que é precisamente o produto do mundanismo.

Esta forma de ‘ver’ que transcende o visível, faz-nos adorar o Senhor muitas vezes escondido em situações simples, em pessoas humildes e marginais. Trata-se, pois, dum olhar que, não se deixando encandear pelos fogos de artifício do exibicionismo, procura em cada ocasião aquilo que não passa, procura o Senhor. Por isso, como escreve o apóstolo Paulo, ‘não olhamos para as coisas visíveis, mas para as invisíveis, porque as visíveis são passageiras, ao passo que as invisíveis são eternas’ (2 Cor 4, 18).

Que o Senhor Jesus nos torne seus verdadeiros adoradores, capazes de manifestar com a vida o seu desígnio de amor, que abraça a humanidade inteira.” Peçamos a graça para cada um de nós e para toda a Igreja, de aprender a adorar, de continuar a adorar, de exercer muito esta oração de adoração, porque somente Deus deve ser adorado.

Com informações e fotos do VaticanNews